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Mostrando postagens de junho, 2025

eu sou daquele tempo

eis que não sou deste tempo sou de um tempo mecânico sou de um tempo de pé no chão sou do tempo do lápis e da borracha tempo do segundo grau tempo da bicicleta: eu cruzei esta cidade sou do tempo do vovô e da vovó tempo do telefone fixo sou do tempo do trabalho manual sou da década de oitenta, embora nascido nos setenta tempo da turma do Balão Mágico tempo do Daniel Azulay tempo do Sítio do Pica-pau Amarelo eu tinha medo do minotauro, e nem era noite tempo do frio na barriga ao ouvir a música do Supercine eu sou do tempo do Castelinho do Guri, onde fui alfabetizado vou completar cinquenta e vivi pra ver o tempo de hoje

novidade de vida

algo novo está por vir uma novidade outra realidade um novo dia novos céus nova terra uma nova vida a mudança de um tempo uma nova dispensação e como é difícil escrever esta poesia há algo novo em todos os momentos há algo novo sempre na minha vida mas a poesia reluta em nascer e eis que nasce uma nova poesia um novo texto uma nova direção algo novo está para nascer mister estar sempre, por isso, em novidade de vida

Castigo dos adversários

"Sejam confundidos e cobertos de vexame os que buscam tirar-me a vida; retrocedam e sejam envergonhados os que tramam contra mim. Sejam como a palha ao léu do vento, impelindo-os o anjo do Senhor. Torne-se-lhes o caminho tenebroso e escorregadio, e o anjo do Senhor os persiga." (Salmo 35, 4-6)

Deus defende o justo contra o ímpio

"Se o homem não se converter, afiará Deus a sua espada; já armou o arco, tem-no pronto; para ele preparou já instrumentos de morte, preparou suas setas inflamadas. Eis que o ímpio está com dores de iniquidade; concebeu a malícia e dá à luz a mentira. Abre, e aprofunda uma cova, e cai nesse mesmo poço que faz. A sua malícia lhe recai sobre a cabeça, e sobre a sua própria mioleira desce a sua violência." (Salmo 7, 12-16)

Proteção contra os ímpios

"Pois tu não és Deus que se agrade com a iniquidade, e contigo não subsiste o mal. Os arrogantes não permanecerão à tua vista; aborreces a todos os que praticam a iniquidade. Tu destróis os que proferem mentira; o Senhor abomina ao sanguinário e ao fraudulento; porém eu, pela riqueza da tua misericórdia, entrarei na tua casa e me prostrarei diante do teu santo templo, no teu temor." (Salmo 5, 4-7)

a poesia é o próprio poeta

a poesia está em mim eu estou na poesia como escrever uma poesia fora de mim? eu sou o meu maior objeto de estudo a poesia está atrelada ao seu autor e ao seu tempo eis que isto é filosofia da poesia o estudo da poesia nela mesma o conhecimento poético sendo construído e qual é o tema ou assunto da poesia? é a própria poesia é o próprio autor o poeta se conhece pela sua poesia e a poesia é conhecida de quem a lê e o poeta é conhecido de quem o lê e eis que me exponho aqui, através da minha poesia, se é que isso é poesia chame o leitor do que quiser eis que é o meu teor em forma de texto logo eu, que me escondo atrás da poesia atrás do texto sendo que a poesia é o próprio poeta

A glória de Deus

"Sê exaltado, ó Deus, sobre os céus; seja a tua glória sobre toda a terra." (Salmo 57, 5)

à beira daquele rio...

os jornais, escandalosos, publicam as notícias notícias de um mundo em chamas notícias de um mundo caótico notícias de um mundo em convulsão as pessoas, aturdidas, são testemunhas do caos as pessoas, elas mesmas, presenciam a barbárie as pessoas, perdidas, marcham em confusão o planeta, esgotado, arfa e arqueja o planeta, exaurido, sucumbe à obra do homem o planeta, nossa morada, moribundo agoniza nas ruas e nas avenidas, a fome e a dor nas ruas e nas avenidas, o amor congelado nas ruas e nas cidades se cumprem as profecias as profecias do sermão profético as profecias do sermão da montanha as profecias dos oráculos do Senhor e eu a tudo observo, também estupefato, à beira daquele rio...

a raíz fincada na terra

a planta queimada no incêndio de fogo e a raíz fincada na terra a folha morta assim como papel e a raíz fincada na terra o fruto do hectare morto, mirrado, e a raíz fincada na terra o sarmento ressecado debaixo do sol calcinante e a raíz fincada na terra o tronco retorcido em combustão de labareda e a raíz fincada na terra os galhos retorcidos, na chama que abrasa, e a raíz fincada na terra o ramo em graveto de pau, na madeira da sua morte, e a raíz fincada na terra a árvore sem flores nem casca, no ressecamento da irrigação, e a raíz fincada na terra o arbusto de fumaça ardente, escassa que é a água, e a raíz fincada na terra

mundo de narrativas

vivemos em um mundo um mundo de narrativas e elas são tantas... narrativas convergentes narrativas divergentes narrativas à direita narrativas à esquerda narrativas numerosas como são numerosos os narradores narradores políticos narradores religiosos narradores artísticos e não é possível viver num mundo em narração sem nada narrar e eis-me aqui narrando minha poesia narrando minha participação narrando minha contribuição narrador que sou também num mundo em narrativa o que você narra, caro leitor? o que eu narro, amigo leitor? e não narrar nada já é um tipo de narrativa nesse mundo em que vivemos um mundo de narrativas

o método da repetição

o método da repetição o processo da fixação o exercício cerebral o modelo do aprendizado o sistema da informação fazendo do que se repete a informação viva e fixada o cruzamento de dados a observação cautelosa, em variadas perspectivas o estímulo de vários sentidos a percepção crítica a interpretação exata o método do sistema organização e técnica a linguagem da informática sistema crítico e binário a leitura do texto a contemplação da imagem a checagem das informações a concentração focal o foco no núcleo da situação depois desse processo apurado e complexo a conclusão resumida neste que sempre será o método da repetição