A janela do meu quarto

Lá está ela. Eu olho através da janela e vejo a vida. Vejo muitos carros passando aqui na rua. Na hora do rush tem até congestionamento. Carros buzinando, o ronco dos motores. De vez em quando uma batida no cruzamento. Vão acabar colocando um semáforo aqui. E saber que aqui no bairro (Joaquim Távora) antes eram somente sítios. Os vizinhos mais antigos atestam isso. E agora essa rua que é uma verdadeira avenida. Isso é o que eu vejo através da janela. Aqui dentro é minha vida, minha família, minha história. Mas, da janela pra lá é o mundo. São as repartições públicas, é o comércio, é o hospital, são os moradores de rua. Da janela pra lá é perigo, é arriscado. Convém orar, na saída e na chegada. Ergo os olhos e avisto o céu, através da janela, mas a gravidade puxa meu olhar pro chão, e eu vejo a padaria, vejo os ônibus e caminhões circulando pela avenida, logo ali. Vejo o ponto de ônibus. Vejo os trabalhadores nos ônibus lotados, às cinco da manhã e às seis da noite. Vejo a meninada andando animadamente, em turmas, indo e vindo da escola. Vejo os motociclistas, os entregadores, costurando o trânsito, perseguindo a meta e a gorgeta. Da minha janela eu vejo o mundo. Vejo as borracharias, vejo os porteiros e zeladores executando seu serviço. A minha janela é a tela de uma televisão. Nela há cores, sons e movimentos. São tantas informações que até cansam. A história contemporânea é o que eu vejo através da janela do meu quarto. Não há uma janela na cidade igual à minha. Eu olho pela janela do meu quarto e lá está ela, a vida, convidando-me para vivê-la. E eu, daqui de dentro da minha vida respondo: Agora não. Somente amanhã. Essa é a minha janela, a janela do meu quarto.

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