Corpo e literatura
Meu corpo é feito de literatura. As células são as letras. Os tecidos são os parágrafos. Os órgãos são os livros. O corpo é uma biblioteca, mistura de história e ficção. Esse texto era pra ter sido escrito ontem, mas ontem, quando eu comecei a escrever, a escrita tomou outro rumo. O meu corpo e a literatura. Nas células, mitocôndrias, pontos e vírgulas. Eu inspiro romances e expiro contos e crônicas. Será que esse texto vai ficar meio cafona? Esse espaço é meu! A escrita aqui é livre e experimental. Meu sangue é a tinta com que escrevo minha vida. Minha vida está no meu sangue, e no meu sangue, plaquetas e enredos. Meus ossos são cálcio e lápis. Grafite e canetas de pontas porosas. Pontas esferográficas não. Os braços findam nas mãos, que manuseiam livros bons e ruins. Minhas pernas se encarregam de me conduzirem até a livraria, local onde o negócio é fechado. E o sistema nervoso, principal ferramenta de fazer literatura. O cérebro se encarrega de cruzar os dados de tantas leituras feitas, e os hemisférios cerebrais, trabalhando em harmonia, me envolvem com os livros tanto racional como emocionalmente. E os neurônios, desvirtuados pelo transtorno esquizoafetivo, são a chave da eletricidade literária da minha mente. E todo o organismo, seja ele sólido, líquido ou gasoso, opera para que a literatura na minha vida se consolide e se expanda, de maneira que no final saia outro livro publicado, com a permissão do Senhor. Meu corpo: pincel que uso para escrever minha vida, impulsionada pelo espírito e pela alma. Meu corpo, livro onde o Senhor escreve a minha vida. Amém.
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