a rotina e a poesia
eis à minha frente
a rotina e a poesia
quero fazer poesia,
subindo ao alto,
mas eis que a rotina
me prende ao chão
como cantar a beleza
da beleza da vida
se me angustio
com as coisas concretas?
o espírito clama e se alegra
com o que é do alto
mas o corpo chama a atenção
para o sustento da carne
e assim fico dividido
vida cindida
mente cindida
e a cisão é tão forte
que não consigo escrever
a luta da carne contra o espírito
é tão renhida
que me torno ambíguo
um sopro divino, porém,
no meu ouvido,
e consigo escrever
mesmo sem ver beleza
na escrita
mas lá está ela
cá ela está
levando consigo
a angústia do coração
levando consigo
a aflição da alma
e me pondo em condições
para o seguinte embate
e novamente à minha frente
a rotina e a poesia
Comentários
Postar um comentário