poesia da viagem urbana

lá estava eu,
sentado no coletivo,
indo de um ponto ao outro
da cidade
o coletivo chacoalhava
com ruídos grotescos
da maquinaria velha e vencida.
toda desconjuntada,
a máquina de transporte
estalava com grosseria.
parecia que havia
um acordo entre
os buracos no asfalto
e as peças frouxas
do trambolho em movimento
sentado num banco do veículo,
como uma fruta no liquidificador,
ou como gado transportado
num caminhão,
eu balançava e trepidava
a cada chacoalhada
do veículo que avançava.
vivendo também essa experiência,
velhinhos felizes por causa
do passe-livre.
no rádio do ônibus
uma música que me remetia
aos anos oitenta
e lá mesmo,
naquele possante esboforido, pensei:
vou escrever uma poesia
assim nasceram esses versos,
comprovando que é possível
nascer arte
de uma prosaica viagem urbana

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