O velho Graça
Lá estava eu, em 1993, com dezoito anos de idade, estudante de Turismo e línguas estrangeiras. Na papelada que eu folheava todo dia sempre via citações de Graciliano Ramos. Resolvi experimentar: consegui um exemplar de Vidas secas e comecei a leitura. Qual não foi minha alegria ao descobrir que existia literatura além de Machado de Assis! Me vi diante de todo o século XX, como um estudante entusiasmado se vê diante de uma enciclopédia. Descobri que havia literatura com a mesma linguagem dos jornais que eu gostava de ler. A linguagem "seca", "sem adjetivos" de Graciliano Ramos foi uma grata surpresa para aquele jovem estudante do Nordeste como destino turístico. Depois de Vidas secas resolvi ler São Bernardo. A questão social aflorou na minha mente, e me vi interessado pelo comunismo do autor alagoano. A modéstia pessimista do velho Graça me fisgou, e passei à leitura de Memórias do cárcere. Antes dessas memórias me vi interessado na questão dos retirantes das secas,...