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Mostrando postagens de abril, 2025

minha identidade

a poesia de hoje o texto de hoje o registro de hoje minha vida narrada, metaforicamente, numa poesia eu escondido na letra rabisco do papel eu oculto no desenho do traço geométrico a poesia que sofre pra nascer meu compromisso comigo mesmo de produzir produzir trabalho produzir letras produzir literatura meu viver nesta quarta-feira eternizado no papel digital a poesia que é a tradução da minha complexa vida minha vida complexa minha vida tumultuada o tumulto dentro da minha cabeça do lado de fora, paz a paz que eu só alcanço se eu escrever poesia, se eu produzir por isso eu escrevo quem lerá o que eu escrevo? esta é a poesia de hoje já me revelo na grafia da linguagem já me revelo nesses versos que declamo a poesia é a minha identidade

Gustavo Barroso

Gustavo Dodt Barroso foi um eminente intelectual brasileiro, nascido no Ceará. Ele nasceu em dezembro de 1888, em Fortaleza. Fez os primeiros estudos aqui, no Ceará, e diplomou-se em Direito no Rio de Janeiro, onde foi fundador e diretor do Museu Histórico Nacional. Barroso desenvolveu intensa atividade jornalística, escrevendo no Jornal do Ceará e no Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro. Posteriormente trabalhou como diretor da revista Fon Fon (1916-1943). Estreou na literatura em 1912, publicando Terra do sol, romance de feição regionalista. Publicou ainda, entre outros, Praias e várzeas (1915), Heróis e bandidos (1917), Ao som da viola (1921), Mula sem cabeça (1922) e Alma sertaneja (1923). Aderiu ao integralismo em 1933, e defendeu o anti-semitismo em livros como Brasil, colônia de banqueiros (1934) e Protocolos dos sábios de Sião (1936). Barroso também foi membro da Academia Brasileira de Letras, e deixou vasta obra como ficcionista, historiador e ensaísta, contribuindo ricamente...

Roquette-Pinto

Edgard Roquette-Pinto foi um importante antropólogo brasileiro. Ele nasceu em 1884, no Rio de Janeiro, e formou-se em Medicina. Escreveu seu primeiro livro, Os sambaquis, em 1906, quando era assistente de antropologia do Museu Nacional. Entre 1907 e 1908 participou da missão Rondon, explorando o noroeste de Mato Grosso. Em 1912 realizou uma expedição para reunir dados sobre os índios parecis e nhambiquaras, perto do rio Madeira, experiência que resultou no livro Rondônia (1917). Nessa expedição fez uso pioneiro de câmeras e aparelhagem de som para documentação etnográfica. Fundou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro em 1923, rádio essa mais tarde batizada de Rádio Ministério de Educação e Cultura. Também fundou a Rádio Escola Municipal, da prefeitura do Distrito Federal, depois batizada Rádio Roquette-Pinto. Em 1926 Roquette-Pinto tornou-se diretor do Museu Nacional. Escreveu ainda os livros Seixos rolados (1927) e Ensaios de Antropologia brasiliana (1933). Em 1937 fundou e dirigiu o In...

Os irmãos Villas Boas

Os irmãos Villas Boas foram importantes indigenistas e sertanistas brasileiros. Orlando Villas Boas (1916-2002), Cláudio Villas Boas (1918-1998), Leonardo Villas Boas (1918-1961) e Álvaro Villas Boas (1926-1995) nasceram em São Paulo, filhos de pai advogado e fazendeiro. Passaram a infância em locais tranquilos, rodeados de matas e rios. Em 1943 eles fizeram parte da expedição Roncador-Xingu. Essa expedição durou de 1943 a 1960, e seu objetivo era desbravar regiões desconhecidas do Centro-oeste e da Amazônia, localizando lugares adequados para futuras cidades. Os irmãos participaram do contato com diversas tribos indígenas, como os xavantes (1948), os jurunas (1949), os kayabis (1951) e os txucarramães (1953). Os irmãos Villas Boas defendiam a necessidade de instalação de um parque indígena, e foram atendidos em 1961 com a criação do Parque Nacional do Xingu. Em suas viagens pelos sertões do Brasil os irmãos fizeram contato com outras tribos indígenas: os txicãos (1964) e os kranacaror...

A virtude do Espírito Santo

"Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até os confins da terra." (Atos 1, 8)

Milton Santos

Milton Santos foi o mais importante geógrafo brasileiro. Ele nasceu em 1926, em Brotas de Macaúbas-BA. Alfabetizado pelos pais, que eram professores primários, aos quinze anos foi estudar em Salvador. Formou-se em Direito, chegou a advogar, e dava aulas de geografia em escolas públicas. Passou a ensinar em universidades, ao mesmo tempo em que trabalhava como repórter no jornal A Tarde. Em 1950 doutorou-se em Geografia pela Faculdade de Estrasburgo, na França. Durante o regime militar viajou para a França, e foi nomeado professor da Universidade de Bordeaux e da Sorbonne. Posteriormente foi para os Estados Unidos, onde se tornou pesquisador do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Deu aulas na Universidade de Columbia, em Nova York. Também ensinou em Toronto, no Canadá. Voltou para o Brasil em 1977. Em 1984 foi aprovado em concurso público para professor da Universidade de São Paulo (USP). Tornou-se consultor da Organização das Nações Unidas, da Organização dos Estados Americanos e ...

a minha dor

eu escrevo a minha dor minha dor é real vivo num mundo de dor todos sentem dor eu confesso a minha dor transformo minha dor em poesia eu escrevo a minha angústia você sente angústia, caro leitor? então somos dois a dor, a angústia de uma alma imortal presa num corpo mortal a dor da família a dor da enfermidade a dor do pecado a angústia, a aflição de um mundo que encena todos sentem dor todos sentem angústia todos sentem aflição estou preso na morte do meu corpo, corpo que não é mais jovem sei que tudo pode mudar tudo irá mudar será num abrir e fechar de olhos mas enquanto não vem a mudança, dou um tratamento literário à minha dor, à minha aflição qual será a reação do leitor? não sei, mas uma coisa é certa: minha dor ficou no papel

minha poesia

eu escrevo meu conteúdo mental eu escrevo a ânsia do meu cérebro eu escrevo o desenho da poesia minha poesia é um desenho eu reparo na sua forma minha poesia é um grafismo literário minha poesia é secular é o ofício que me foi usurpado é a produção do campo da arte é contabilidade de letras é o registro dos dias que passam eu escrevo as digitais dos meus dedos eu escrevo a falta de saúde psíquica minha poesia é só minha não sou mais um no meio da multidão eis a marca pessoal de uma vida única é uma experiência que não se repete escrever é o labor de um inválido construir e deixar uma marca papéis e papéis arquivados no testemunho do poeta que viveu minha poesia é viva e terá sempre continuidade minha experiência é a literatura e no porvir, a vida eterna

Luís da Câmara Cascudo

Quem gosta de Folclore precisa conhecer a obra de Luís da Câmara Cascudo. Ele nasceu em 1898, em Natal-RN, e cedo ainda começou a trabalhar no jornal do pai, A Imprensa. Entrou para a faculdade de Medicina na Bahia, mas não conseguiu concluir o curso, por falta de dinheiro. Acabou se formando advogado em Recife, e fez um curso de etnografia na Faculdade de Filosofia do Rio Grande do Norte. Passou a escrever sobre folclore, etnografia, crítica literária e história. Cruzou folclore com literatura, pesquisando sobre a influência de Dante Alighieri, Cervantes, e da literatura oral francesa na tradição popular do Brasil. Ele foi um armorial antes do movimento armorial. Publicou, em 1954, seu Dicionário do Folclore Brasileiro, obra de fôlego que sistematiza e critica o acervo folclórico nacional. Câmara Cascudo escreveu e publicou mais de cem livros, sem nunca ter saído de sua cidade natal (Natal). Em sua vasta obra destacam-se também a Antologia do Folclore Brasileiro (1944), Superstições e...

poesia de hoje cantada

a poesia de hoje a produção de hoje a demanda de hoje a angústia de hoje o hoje de todos os dias os momentos de todos os dias os embates de todos os dias as inquietações da vida os sonhos da vida os flertes da vida a vida de todos os dias a vida de hoje a vida de ontem e de amanhã a vida de toda uma vida a vida registrada na poesia a vida registrada da escrita a vida registrada no papel poesia de hoje registrada a vida de hoje cantada a canção da vida publicada

Kurt Nimuendaju

Kurt Nimuendaju foi um etnólogo alemão naturalizado brasileiro. Seu nome de batismo era Kurt Unkel. Ele nasceu em Jena, na Alemanha, em 1883. Aos dezesseis anos, após concluir o ensino médio, ele foi trabalhar como aprendiz de mecânico-óptico. Na empresa em que ele trabalhava havia uma biblioteca, e ele passou a se dedicar à leitura de textos e mapas sobre a América do Sul. Em 1903 Kurt conseguiu um dinheiro emprestado com uma meia-irmã e veio para o Brasil. Passou a trabalhar numa loja de ferramentas em São Paulo, e conseguiu ser contratado como cozinheiro da Comissão geográfica e geológica de São Paulo. Nesse posto, travou o primeiro contato com os índios, os apapocuvas-guaranis. Foi adotado ritualisticamente pela tribo, e recebeu o nome de Nimuendaju, que significa "o ser que cria ou faz seu próprio caminho". Permaneceu com os guaranis até 1908, e escreveu o diário de campo Apontamentos sobre os guaranis. Tornou-se funcionário do Museu Paulista, e presenciou o extermínio d...

Cantai ao Senhor

"Cantai ao Senhor um cântico novo, porque ele fez maravilhas; a sua destra e o seu braço santo lhe alcançaram a vitória. O Senhor fez notória a sua salvação; manifestou a sua justiça perante os olhos das nações." (Salmo 98, 1-2)

Aurélio Buarque de Holanda

"Aurélio" no Brasil é sinônimo de dicionário. Isso por causa do Novo dicionário da língua portuguesa, publicado pelo lexicógrafo alagoano Aurélio Buarque de Holanda. Aurélio nasceu em 1910, em Passo de Camaragibe-AL. Ele mudou-se para o Rio de Janeiro em 1937, e passou a lecionar português em vários colégios. Ensinou português também na Fundação Getúlio Vargas e no curso preparatório à carreira diplomática do Instituto Rio Branco. Aurélio traduziu obras de Charles Baudelaire e Oscar Wilde para o português. Em 1942 ele publicou o livro de contos Dois mundos. Entre 1945 e 1963 ele publicou a antologia do conto mundial Mar de histórias, em parceria com Paulo Rónai. Em 1956 ele publicou o Roteiro literário do Brasil e Portugal, juntamente com Álvaro Lins. Em 1958 publicou o livro de ensaios Território lírico. Aurélio Buarque de Holanda era conhecido como um dos maiores especialistas no idioma português, e em parceria com Manuel da Cunha Pereira ele organizou o Novo vocabulário or...

Victor Nunes Leal

Um dos livros clássicos da literatura política brasileira é Coronelismo, enxada e voto, do jurista mineiro Victor Nunes Leal. Nunes Leal nasceu em 1914, em Carangola-MG. Formou-se em Direito em 1936, pela Universidade do Brasil, atual Federal do Rio de Janeiro. Entre 1933 e 1938 trabalhou na imprensa, e na década seguinte trabalhou como diretor do serviço de documentação do Ministério da Educação e Cultura (MEC). Dirigiu interinamente a cadeira de política da Faculdade Nacional de Filosofia. Para obter a cátedra dessa disciplina escreveu a tese O município e o regime representativo no Brasil - contribuição ao estudo do coronelismo, de que se originou o livro Coronelismo, enxada e voto, publicado em 1949. Nunes Leal também foi professor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e ministrou conferências na Escola Superior de Guerra. Exerceu a função de procurador-geral de Justiça do Distrito Federal, e foi chefe da Casa Civil de Juscelino Kubitschek. Depois disso foi eleito procura...

Antônio Houaiss

Gosto de ler enciclopédias. Um nome ligado às enciclopédias no Brasil é Antônio Houaiss. Ele foi um diplomata, filólogo e crítico literário fluminense. Antônio Houaiss nasceu no Rio de Janeiro em 1915. Estudou contabilidade e letras clássicas. Foi professor de latim, português e literatura. Em 1945 ingressou na carreira diplomática. Abandonou a Diplomacia em 1964 e se dedicou ao magistério. Publicou livros e em 1975 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Dirigiu o ministério da Cultura no governo de Itamar Franco, em 1992. Em 1995 foi eleito presidente da ABL. Foi convidado pela Enciclopédia Britânica do Brasil para editar a Enciclopédia Mirador Internacional. Escreveu, entre outras obras, Tentativa de descrição do sistema vocálico do português na área dita carioca; The new Barsa dictionary English and Portuguese; Elementos de Bibliologia. Traduziu o romance Ulisses, de James Joyce, para o português. Escreveu também O português no Brasil, pequena enciclopédia da cultura no Br...

viver, adorar, vencer

a minha vida está na minha poesia a minha mente está na minha poesia o meu coração está na minha poesia na minha poesia eu escondo o meu querer na minha poesia eu escondo os meus anseios na minha poesia eu escondo a minha angústia minha vida, minha mente, meu coração meu querer, meus anseios, minha angústia na construção da poesia, a construção da minha vida na construção da poesia, meu trabalho na construção da poesia, minha catarse eu escrevo para viver eu vivo para adorar eu adoro para vencer

Varnhagen

Um dos pioneiros na historiografia brasileira foi Francisco Adolfo de Varnhagen. Ele nasceu em 1816, em Sorocaba, filho de um engenheiro militar alemão. Estudou em Portugal, no Real Colégio Militar da Luz, e deu início à sua carreira militar como voluntário nas tropas de Dom Pedro I, que lutavam contra Dom Miguel. Varnhagen escreveu seu primeiro trabalho de história, Notícia do Brasil, entre 1835 e 1838. Com este trabalho credenciou-se como sócio-correspondente da Academia de Ciências de Lisboa. Formou-se engenheiro militar em 1839, na Real Academia de Fortificação, também em Portugal, e voltou ao Brasil em 1840. Passou a trabalhar no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1841, e teve que lutar pela nacionalidade brasileira, porque seu pai era alemão. Com a nacionalidade brasileira conseguiu ser admitido no serviço diplomático brasileiro, e serviu em vários países, como Portugal, Espanha, Paraguai, Venezuela, Peru e outros. Conseguiu o reconhecimento como historiador ao public...

poesia que me cura

e eu sigo escrevendo, minha poesia-registro, minha poesia-diário, minha poesia-poesia. a construção da poesia, a construção de uma vida, a construção de um trabalho um trabalho que não quer nascer, um trabalho que não quer vir à tona, mas que quando vem traz as angústias do meu coração, e eu sinto alento, e eu sinto alívio, por haver nascido mais uma poesia no mundo, e esta poesia é a minha cura, e esta poesia é o meu bálsamo, e esta poesia, graças a Deus, é o que me faz continuar tentando

O derramamento do Espírito Santo

"E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas, naqueles dias, derramarei o meu Espírito. E mostrarei prodígios no céu e na terra, sangue, e fogo, e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor." (Joel 2, 28-31)

poesia de uma mente inquieta

e sigo escrevendo poesia um prosador que escreve poesia uma poesia sobre poesia um livro inteiro de poesias sobre poesia um poesia sem rima, sem letras maiúsculas, uma poesia que não se pareça com as poesias que eu costumava escrever uma poesia livre, um registro, sem grandes pretensões, mas que me alegre a alma, porque minha poesia não vem da mente ela vem da alma, passa, sim, pelo crivo da mente, mas sua origem está no coração, coração de poeta, coração inquieto, e é esse coração inquieto que hoje escreve essa poesia, para quietude da mente e do coração, e eu sigo escrevendo poesia

Alexandre de Gusmão

Um dos primeiros diplomatas brasileiros de destaque foi Alexandre de Gusmão. Ele nasceu em São Paulo, em 1695. Aos quinze anos partiu para Portugal, para estudar Direito na Universidade de Coimbra. Em 1714 foi enviado à França como embaixador do rei Dom João V. Na França continuou seus estudos em Direito na Universidade de Sorbonne. Participou  das negociações que levaram ao Tratado de Ultrecht (1715), pelo qual a Espanha devolveu à Portugal a colônia do Sacramento. Em 1719 Gusmão voltou à Portugal, concluindo seu curso de Direito e se tornando professor da Universidade de Coimbra. Durante sete anos trabalhou para a diplomacia lusitana em Roma. Articulou a vinda de colonos portugueses para o sul do Brasil, e em 1743 dirigiu detalhada pesquisa sobre as nossas fronteiras. Por essa época Portugal avançou com os bandeirantes para muito além dos limites do Tratado de Tordesilhas. Gusmão representou Portugal no Tratado de Madrid (1750), que estabeleceu que a Espanha ficaria com a colônia...

a poesia na minha vida

a poesia que nasce por ela mesma quem plantou essa poesia no meu coração? a poesia que nasce da prosa setenta por cento prosa trinta por cento poesia uma poesia retangular, o retângulo em pé um salmo pequeno, um verbete pequeno um desenho geométrico com letras símbolos gráficos que têm um significado os bichos não escrevem só escreve quem é imagem e semelhança de Deus escrita, atributo divino na minha poesia, a minha mente na minha poesia, minha experiência de vida na minha poesia, minha filosofia eu escrevo poesia como quem escreve um tratado filosófico a pressa para escrever a poesia minha poesia, meu hai-cai desenvolvido minha forma de expressão a poesia que nasce por ela mesma, como se tivesse vida própria a sua vida é a minha vida, e a minha vida é a sua vida vida longa à poesia!

Raymundo Faoro

Um dos clássicos da historiografia brasileira do século XX é o livro Os donos do poder, publicado em 1958 pelo jurista e sociólogo gaúcho Raymundo Faoro. Faoro nasceu em 1925, em Vacaria-RS, mas passou a infância na cidade de Caçador, em Santa Catarina. Formou-se em Direito em 1948, pela Universidade do Rio Grande do Sul. Em 1958 Faoro publicou o clássico Os donos do poder, citado no início do texto. Este livro analisa a organização política brasileira, desde a época colonial até a República, e sustenta que o país é governado por um "estamento burocrático" que exclui a população das decisões políticas. Em 1959 Faoro recebeu o prêmio José Veríssimo de ensaio e crítica da Academia Brasileira de Letras, pela publicação de Os donos do poder. Em 1963 Faoro tornou-se procurador do estado do Rio de Janeiro, através de concurso público. Em 1975 publicou Machado de Assis: a pirâmide e o trapézio, livro em que estuda as relações sociais brasileiras através dos personagens de Machado. F...

Multidões no vale da Decisão

"Multidões, multidões no vale da Decisão! Porque o dia do Senhor está perto, no vale da Decisão. O sol e a lua se enegrecerão, e as estrelas retirarão o seu resplendor. E o Senhor bramará de Sião e dará a sua voz de Jerusalém, e os céus e a terra tremerão; mas o Senhor será o refúgio do seu povo e a fortaleza dos filhos de Israel. E vós sabereis que eu sou o Senhor, vosso Deus, que habito em Sião, o monte da minha santidade; e Jerusalém será santidade; estranhos não passarão mais por ela." (Joel 3, 14-17)

a poesia, meu esconderijo

eu escrevo uma poesia eu me escondo atrás de uma poesia já me escondi atrás de crônicas já me escondi atrás de biografias já me escondi atrás de rimas agora me escondo atrás de versos livres eu, pronome reto da primeira pessoa do singular como escapar de mim mesmo? como escrever sobre filosofia? como escrever sobre política? como escrever sobre economia? a minha necessidade é escrever sobre mim mesmo mas eu me escondo na poesia mas eu me escondo na metáfora, como ensinava Neruda mas eu me escondo nos símbolos e me revelo pra quem é sensível à poesia e me revelo a quem decifra os mistérios da arte e me revelo à quem me conhece e sabe aplicar a poesia escrita aos fatos da minha vida eu escrevo uma poesia

Capistrano de Abreu

Um dos historiadores mais importantes que o Brasil teve foi Capistrano de Abreu. Ele nasceu aqui no Ceará, em Maranguape, em 1853. Estudando em Recife, já adulto, conheceu Sílvio Romero e Tobias Barreto. Em 1875 mudou-se para o Rio de Janeiro, indo trabalhar como redator na Gazeta de Notícias. Depois se tornou funcionário da Biblioteca Nacional. No final da década de 1880 escreveu a tese O descobrimento do Brasil e o seu desenvolvimento no século XVI, com a qual obteve a cátedra de História do Brasil no colégio Pedro II. Em 1907 publicou o livro Capítulos da história colonial. Capistrano passou a interessar-se pelas culturas indígenas, e em 1914 escreveu Rã-txahu-ni-ku-í, texto no qual estuda a gramática, os textos e o vocabulário dos caxinauás, tornando-se assim pioneiro da etnografia no Brasil. Pesquisador incansável, Capistrano investigava em fontes primárias da História brasileira. Comentou e fichou textos dos padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta e editou obras como a Histór...

A vinda do Senhor

"...sabendo primeiro isto: que nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias concupiscências e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque desde que os pais dormiram todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação. Eles voluntariamente ignoram isto: que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste; pelas quais coisas pereceu o mundo de então, coberto com as águas do dilúvio. Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro e se guardam para o fogo, até o Dia do Juízo e da perdição dos homens ímpios. Mas, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia. O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se. Mas o Dia do Senhor virá como ladrão de noite, no...

Provérbios 4, 5-9

"Adquire a sabedoria, adquire a inteligência e não te esqueças nem te apartes das palavras da minha boca. Não desampares a sabedoria, e ela te guardará; ama-a, e ela te conservará. A sabedoria é a coisa principal; adquire, pois, a sabedoria; sim, com tudo o que possuis, adquire o conhecimento. Exalta-a, e ela te exaltará; e, abraçando-a tu, ela te honrará. Dará à tua cabeça um diadema de graça e uma coroa de glória te entregará." (Provérbios 4, 5-9)

Celso Furtado

Um dos mais influentes pensadores brasileiros do século XX foi Celso Furtado. Ele nasceu em 1920, em Pombal-PB. Formou-se em Direito em 1944, no Rio de Janeiro. Durante a II Guerra Mundial integrou a Força Expedicionária Brasileira, e lutou na Itália. Formou-se também em Economia e doutorou-se na França. Em 1949 passou a integrar a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), órgão da ONU e presidiu o Grupo Misto de Estudos BNDE-CEPAL, produzindo um trabalho que embasou o Plano de Metas de Juscelino Kubitschek. Na década de 1960 Celso Furtado ajudou a fundar a Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste, e foi seu primeiro superintendente. Durante o regime militar Furtado se exilou, tornando-se professor em universidades importantes, como Cambridge, Sorbonne e Washington. Na década de 1970 Furtado retornou ao Brasil, e foi nomeado ministro da Cultura no governo de José Sarney. Ele publicou cerca de vinte livros que fazem uma análise de questões e problemas do desenvolvimen...

Guimarães Rosa

Um dos maiores escritores brasileiros do século XX foi o mineiro Guimarães Rosa. Ele nasceu em 1908, em Cordisburgo. Formou-se em Medicina em 1930 e clinicou por alguns anos. Em 1934 Guimarães Rosa ingressou no Ministério das Relações Exteriores, no cargo de diplomata. Serviu na Alemanha, na Colômbia e na França. Em 1946 publicou o primeiro livro, a coletânea de contos Sagarana. O reconhecimento veio dez anos mais tarde, quando publicou Corpo de baile e o épico Grande sertão: veredas, uma espécie de Fausto nacional, cujo enredo gira em torno da constante luta entre o homem e o diabo. Grande sertão: veredas tem uma linguagem extremamente inventiva, explorando um vocabulário complexo, recuperando termos arcaicos e expressões regionais, além da presença de neologismos. Rosa gostava de viajar pelo sertão, juntamente com vaqueiros e tropeiros, sempre fazendo anotações nos seus cadernos. Ele também publicou Primeiras estórias (1962) e Tutaméia (1967). Em 1961 recebeu da Academia Brasileira d...

Érico Veríssimo

Érico Veríssimo foi um importante escritor brasileiro nascido no Rio Grande do Sul. Ele nasceu em 1905, numa cidade chamada Cruz Alta, onde fez seus primeiros estudos e trabalhou no comércio. Em 1930 mudou-se para Porto Alegre e ingressou na editora Globo, como secretário da Revista do Globo, tornando-se mais tarde seu presidente. Estreiou na literatura em 1932, com a série de contos Fantoches. No ano seguinte publicou o romance Clarissa, com o qual conquistou popularidade nacional. Érico abordava temas urbanos e revelou influência de escritores como Aldous Huxley em livros como Música ao longe (1935) e Um lugar ao sol (1936). Fez sucesso em todo o país com Olhai os lírios do campo (1938), que teve tiragem recorde para a época: sessenta e dois mil exemplares. Entre 1941 e 1945 Érico deu aulas de literatura brasileira na Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos. Desse período foi a publicação de Gato preto em campo de neve (1941) e A volta do gato preto (1945). Em 1954 Érico recebeu...

João Cabral de Melo Neto

Meu poeta brasileiro preferido é João Cabral de Melo Neto. Ele nasceu em 1920, em Pernambuco. João Cabral estudou Direito na faculdade, e após se formar ingressou através de concurso público no Ministério das Relações Exteriores, para trabalhar como diplomata. O primeiro posto no exterior foi em Barcelona, na Espanha, onde serviu por seis anos. Ao longo da carreira também serviu nos Estados Unidos e em outros países da Europa e da Ásia. O primeiro livro, Pedra do sono, foi publicado em 1942. A estadia na Espanha o aproximou do realismo espanhol. Desenvolveu uma forte ligação com a cidade de Sevilha. A partir do poema O cão sem plumas passou a escrever sobre temas sociais. Sua poesia reflete as raízes populares nordestinas, com elementos das trovas e da literatura de cordel. Sua obra mais conhecida é Morte e vida severina, de 1967, que foi adaptada para o teatro e para a televisão. João Cabral se aposentou do serviço diplomático em 1990, ano do lançamento de Sevilha andando. O poeta com...

Visconde de Mauá

Ainda na década de 1990 li outra ótima biografia: Mauá - empresário do império, de Jorge Caldeira. Irineu Evangelista de Souza nasceu em 1813, no Rio Grande do Sul e mudou-se para o Rio de Janeiro em 1822, ano da independência do Brasil. Trabalhou em um armarinho até 1830, quando se empregou em uma importadora. Irineu era um empreendedor, e em 1837 já era sócio na importadora. Em 1846 ele inaugurou um pequeno estaleiro em Niterói, que em um ano se tornou o maior do país. Entre 1852 e 1856 Irineu fundou empresas de navegação e ele também foi pioneiro na construção de ferrovias no país, construindo uma que ligava o Rio de Janeiro a Petrópolis. Ele também montou uma companhia de gás que iluminava a capital federal. Também foi pioneiro na construção de uma rodovia pavimentada no país, criando uma que ligava Petrópolis a Juíz de Fora. Irineu recebeu o título de Barão de Mauá e ele também empreendeu na instalação dos primeiros cabos telegráficos submarinos, ligando o Brasil à Europa. Em 1860...

Castro Alves

Castro Alves foi um importante poeta brasileiro. Ele nasceu em 1847, em Muritiba-BA, e passou parte da infância no sertão baiano. Mudou-se para Salvador em 1852, e depois para Pernambuco. Em 1864 entrou na Faculdade de Direito de Recife, onde se destacou como orador e poeta. Escrevia sobre temas sociais, em especial sobre a abolição da escravatura. Escreveu uma única peça de teatro: Gonzaga ou a revolução de Minas, encenada em 1867, em Salvador. No mesmo ano se tranferiu para a Faculdade de Direito de São Paulo, onde estreitou laços com importantes opositores do regime imperial, como Joaquim Nabuco e Rui Barbosa. Castro Alves não chegou a concluir o curso de Direito. Numa viagem ao Rio de Janeiro travou amizade com José de Alencar e Machado de Assis. Em 1870 feriu o pé em um acidente de caça, e, doente, retornou à Bahia. Lá publicou Espumas flutuantes, único livro que viu publicado em vida. Outros livros, como A cachoeira de Paulo Afonso, Os escravos e Hinos do Equador, foram publicado...

Assis Chateaubriand

Em 1994 li o livro Chatô - o rei do Brasil, biografia de Assis Chateaubriand escrita pelo jornalista Fernando Morais. Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo nasceu em 1892, em Umbuzeiro-PB. Formou-se em Direito em Recife e começou a trabalhar em jornais, entre eles o Diário de Pernambuco. A partir dos anos 1920 começou a comprar jornais e montou um império de comunicação composto por mais de cem jornais, revistas, estações de rádio e TV. Tornou-se um dos homens mais influentes do Brasil nas décadas de 1940 e 1950. Foi pioneiro na transmissão do sinal de televisão no país, criando a TV Tupi em 1950. Tornou-se embaixador do Brasil na Inglaterra. Foi o criador do Museu de Arte de São Paulo (MASP), em 1948. Em 1952 foi eleito senador pela Paraíba, e em 1955 pelo Maranhão. Chateaubriand tornou-se um homem temido pelos poderosos do país, pelas campanhas que ele organizava com os seus jornais. Uma dessas campanhas foi a que promoveu contra a criação da Petrobras. Ele deu emprego em...

Augusto dos Anjos

Augusto dos Anjos foi um importante poeta pré-mordenista brasileiro. Ele nasceu em 1884, no Engenho Pau d'Arco, na Paraíba. Aprendeu com o pai, advogado, as primeiras letras. Fez o curso secundário no Liceu Paraibano, e desde essa época já era considerado doentio e nervoso. Formou-se em Direito em 1906, casando-se logo em seguida. Não seguiu a carreira de advogado, mas dedicou-se ao ensino de português, primeiramente na Paraíba, e depois no Rio de Janeiro, para onde se mudou em 1910. Em 1912 publicou seu único livro, Eu, pelo qual Augusto foi considerado parnasiano por uns e simbolista por outros. O livro foi à princípio ignorado pela crítica e pelo público. Suas poesias tratam da degenerescência da carne e dos limites dos seres humanos. Mais tarde o livro foi reeditado por Órris Soares, amigo e biógrafo de Augusto dos Anjos. A partir de 1919 o poeta passou a ser um dos poetas mais lidos do Brasil. Sua poesia chama a atenção pelo vocabulário esdrúxulo, pela rigidez métrica, pela ca...

Nelson Rodrigues

Em 1997 li o livro O anjo pornográfico, biografia de Nelson Rodrigues escrita por Ruy Castro. Nelson Falcão Rodrigues nasceu em Recife em 1912, e começou a trabalhar em jornais aos treze anos de idade, já no Rio de Janeiro. Em 1941 escreveu sua primeira peça teatral: A mulher sem pecado. Em 1943 Nelson ficou nacionalmente conhecido ao lançar a peça Vestido de noiva, peça em que coexistem três planos: realidade, memória e alucinação. Nas décadas seguintes Nelson publicou peças antológicas, como Álbum de família e Beijo no asfalto. Suas peças causavam polêmicas por abordar temas considerados tabus, como incesto, virgindade, infidelidade e traição. Alguns chamavam Nelson de tarado e retrógrado. Nelson também escrevia crônicas para jornais, e se tornou um conhecido cronista esportivo, torcedor do Fluminense. Nelson apoiou o regime militar de 1964, mas um filho seu, militante da esquerda, teve problemas com os militares. Ele teve um irmão que foi assassinado. O crítico de teatro Sábato Malg...

Vinicius de Moraes

Em 1994 li o livro O poeta da paixão, biografia de Vinicius de Moraes escrita por José Castello. Vinicius de Moraes nasceu em 1913, no Rio de Janeiro. Formou-se em Direito em 1933 e ganhou uma bolsa de estudos para estudar literatura inglesa na Inglaterra. Em 1933, ainda, ele publicou o livro de poesias O caminho para a distância, livro eivado de sentimento religioso e metafísico. De volta ao Brasil, Vinicius ingressou no serviço diplomático brasileiro, indo trabalhar no Ministério das Relações Exteriores. Entre 1946 e 1950 Vinicius trabalhou em Los Angeles, nos Estados Unidos. De volta ao Brasil Vinicius publicou a peça teatral Orfeu da Conceição. Em seguida ele se envolveu com música, compondo Chega de saudade e Outra vez. Elizeth Cardoso gravou essas músicas no disco Canção do amor demais (1958), com acompanhamento no violão de João Gilberto. Esse disco marca o início da Bossa Nova. Vinicius compôs também Garota de Ipanema, música brasileira mais conhecida no exterior. Ele também se...

Barão do Rio Branco

Um dos personagens da história do Brasil que eu mais admiro é o Barão do Rio Branco. José Maria da Silva Paranhos Júnior nasceu no Rio de Janeiro em 1845, filho do Visconde do Rio Branco. Paranhos Júnior formou-se em Direito em Recife. Foi eleito deputado por Mato Grosso. Ainda jovem ganhou um prêmio na loteria, e foi viajar pela Europa. Foi nomeado cônsul em Liverpool em 1876. Entre 1893 e 1900 defendeu o Brasil em disputas de territórios nos Sete Povos das Missões e no Amapá. Em 1902 (já na República) foi nomeado ministro das relações exteriores do Brasil, e se houve muito bem na disputa do Brasil com a Bolívia pelo território do Acre. Também trabalhou em outras questões fronteiriças envolvendo Colômbia e Venezuela. O Barão do Rio Branco era monarquista, e à custo serviu ao país depois da proclamação da República. Trabalhava incansávelmente consultando documentos e mapas antigos. Quando ele retornou ao Brasil do exterior foi recebido como herói nacional. Escreveu e publicou livros so...

Gianfrancesco Guarniere

Gianfrancesco Guarniere foi um importante ator e dramaturgo brasileiro nascido na Itália. Ele nasceu em 1934, em Milão, filho de um casal de músicos, e veio para o Brasil com dois anos de idade. Começou seus estudos no Rio de Janeiro e em 1953 se transferiu para São Paulo. Em 1955 ajudou a fundar o Teatro Paulista do Estudante. Seu primeiro trabalho como ator foi na peça Está lá fora um inspetor, que lhe rendeu o prêmio Arlequim no Festival de Teatro Amador de São Paulo. Guarniere estreou como profissional atuando na peça Escola de maridos, no Teatro Arena. Aos vinte e um anos escreveu seu primeiro texto: Eles não usam black-tie, que foi encenado em 1958 e se tornou um clássico da dramaturgia brasileira. Em seguida realizou Gimba (1959), A semente (1961), e O filho do cão (1964). Criou, com Augusto Boal, Arena conta Zumbi (1964) e Arena conta Tiradentes (1966). Também escreveu Animália (1968) e Um grito parado no ar (1973), entre outras obras. Estreou na televisão em 1967, na TV Tupi. ...

O Brasil em mim

Eu sou brasileiro. O Brasil da minha mente. O Brasil de Gilberto Freyre, o Brasil de Sérgio Buarque de Holanda, o Brasil de Darcy Ribeiro. O Brasil cuja miscigenação deu certo. O Brasil formado por europeus, índios, negros. O Brasil português, o Brasil italiano, o Brasil alemão. O Brasil tupi-guarani, o Brasil judeu e árabe. A miscigenação positiva de Gilberto. O Brasil do brasileiro cordial, cidadão amigo, que recebe bem o visitante, o Brasil não xenófobo, o Brasil dos abraços e das rodas de samba. O Brasil do professor Sérgio, Brasil também cantado pelo filho do professor (quem lê entenda). O Brasil, império do século XXI, o Brasil no centro do concerto mundial das nações. O Brasil da minha mente. O Brasil que era pra ter sido também de Celso Furtado e Caio Prado Júnior. A leitura do professor Furtado não avançou: surgiram novos interesses. E Caio Prado Júnior foi banido por um liberalismo adotado poucos anos atrás. O meu Brasil, Brasil do Nordeste, Brasil do Ceará, estado da federaç...

O Senhor é justo

"Porque o Senhor é justo e ama a justiça; o seu rosto está voltado para os retos." (Salmo 11, 7)

A lei da colheita

"Cavou um poço, e o fez fundo, e caiu na cova que fez. A sua obra cairá sobre a sua cabeça; e a sua violência descerá sobre a sua mioleira." (Salmo 7, 15-16)

Rachel de Queiroz

E eu também lia o romance O quinze, da cearense Rachel de Queiroz. E eu lia também traços biográficos dessa escritora que publicou o citado romance com dezoito anos de idade, fazendo até que os escritores do Sudeste duvidassem disso. Rachel, quando bem jovem ainda, morando com os pais, lia e escrevia à luz de vela, no início do século XX, na cidade de Quixadá, no sertão cearense. E essa jovem prodígio, quando se mudou para o Sudeste, continuou escrevendo (inclusive para jornais, como cronista) e se envolveu com o comunismo, tornando-se discípula do russo Leon Trotski. Ela esteve presa por esse motivo aqui em Fortaleza, no quartel do Corpo de Bombeiros. Rachel de Queiroz também escreveu peças teatrais e romances seus se tornaram minisséries de televisão. A romancista de Quixadá foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. E o seu exemplo de intelectual politizada sempre chamou minha atenção, sendo ela uma referência pra mim durante a minha juventude. E nessa pegad...

Casimiro de Abreu

Casimiro de Abreu foi um importante poeta brasileiro. Ele nasceu no Rio de Janeiro, em 1839. Era filho natural de um rico fazendeiro e comerciante português. Passou a infância numa fazenda, lá fazendo os estudos iniciais, que continuou em Nova Friburgo e concluiu no Rio de Janeiro, onde praticou a contragosto o comércio, por imposição do pai. Viajou para Portugal aos quatorze anos de idade, onde entrou a dedicar-se às letras, publicando páginas em prosa e um drama, entitulado Camões e o Jaú, representado quando o poeta contava dezessete anos de idade. Casimiro retornou ao Rio de Janeiro, onde reiniciou o curso comercial, mas dedicou-se por amor à uma intensa atividade literária. Em 1859 publicou As primaveras, livro de reconhecida importância para nossa literatura. Casimiro foi atacado pela tuberculose, embarcou novamente para Nova Friburgo e morreu em 1860, numa fazenda na Barra de São João, antes de completar vinte e dois anos de idade. Distinguem-se seus versos pela meiguice e pela ...

José Lins do Rêgo

Além de ler Graciliano Ramos, na década de 1990, eu lia José Lins do Rêgo. O paraibano José Lins do Rêgo não era politizado como o velho Graça, mas ele escreveu uma obra ampla sobre o Nordeste do início do século XX que vale por um bom tratado de política. Com os romances Doidinho, Moleque Ricardo, Banguê e Usina, Zé Lins fez um painel da decadência da sociedade dos senhores de engenho dadas as transformações tecnológicas surgidas no início do século XX. Saíam os engenhos de cana de açúcar e entravam as usinas, fábricas de açúcar e derivados que utilizavam mão-de-obra mais qualificada, ao contrário dos decadentes engenhos, que poucas décadas atrás eram operados por escravos. Pessoalmente as obras de Zé Lins falavam comigo porque meu avô materno fora proprietário de engenho de cana, e a sociedade agro-pastoril retratada nos livros do paraibano eu encontrava no Pecém, terra do meu avô e da minha mãe. José Lins do Rêgo militou no jornalismo, e trabalhou como cronista esportivo. Ele era to...

Gonçalves Dias

Antônio Gonçalves Dias foi o primeiro grande poeta brasileiro. Ele nasceu em 1823, em Caxias-MA,  filho de pai português e mãe mestiça. Seu pai o iniciou no comércio e estava providenciando seus estudos na Europa quando faleceu. A madastra de Gonçalves Dias o enviou para Coimbra, de onde mandaria mais tarde que retornasse, devido à dificuldades financeiras, na época da Balaiada. Quando voltava para o Brasil, no Ville de Boulogne, a embarcação naufragou, morrendo nosso poeta em 1864. Ainda em Portugal, contudo, Gonçalves Dias, aos vinte e três anos de idade, publicou seus Primeiros cantos, obra elogiada por Alexandre Herculano. Ele não foi apenas poeta: foi prosador, teatrólogo, e esboçou estudos históricos, etnográficos e linguísticos. Ele também trabalhou como professor no colégio Pedro II. Hoje Gonçalves Dias é reputado como o mais importante poeta do romantismo. Ele foi o criador do indianismo e é um dos patronos da Academia Brasileira de Letras. Outras obras suas: Segundos cant...

O velho Graça

Lá estava eu, em 1993, com dezoito anos de idade, estudante de Turismo e línguas estrangeiras. Na papelada que eu folheava todo dia sempre via citações de Graciliano Ramos. Resolvi experimentar: consegui um exemplar de Vidas secas e comecei a leitura. Qual não foi minha alegria ao descobrir que existia literatura além de Machado de Assis! Me vi diante de todo o século XX, como um estudante entusiasmado se vê diante de uma enciclopédia. Descobri que havia literatura com a mesma linguagem dos jornais que eu gostava de ler. A linguagem "seca", "sem adjetivos" de Graciliano Ramos foi uma grata surpresa para aquele jovem estudante do Nordeste como destino turístico. Depois de Vidas secas resolvi ler São Bernardo. A questão social aflorou na minha mente, e me vi interessado pelo comunismo do autor alagoano. A modéstia pessimista do velho Graça me fisgou, e passei à leitura de Memórias do cárcere. Antes dessas memórias me vi interessado na questão dos retirantes das secas,...

Gonçalves de Magalhães

Gonçalves de Magalhães Domingos José Gonçalves de Magalhães, Visconde de Araguaia, foi um importante poeta brasileiro do século XIX. Ele é apontado como precursor do romantismo aqui no Brasil. Ele nasceu em 1811, no Rio de Janeiro, diplomou-se médico aos vinte e um anos de idade e foi professor de filosofia no colégio Pedro II. Foi eleito deputado e ingressou na diplomacia. Desenvolveu intensa atividade literária, não só no Rio de Janeiro como também em Paris, onde fundou, em 1836, a revista Niterói. No mesmo ano ele publicou, também na capital francesa, a coletânea de versos Suspiros poéticos e saudades, considerada obra precursora do romantismo em nosso meio. Magalhães, vinte anos depois, se voltaria para o classicismo, publicando o longo poema épico A confederação dos tamoios. Ele foi reputado a grande figura literária do seu tempo, sendo-lhe hoje reconhecida importância mais histórica do que literária. Ele é um dos patronos da Academia Brasileira de Letras. Outras obras suas são: A...

A vida imita a arte

A escrita se escreve escrevendo, seja no papel, no muro ou no computador. E, se escrevendo a escrita, ela se confunde com a vida (de quem escreve e de quem lê), na escrita da vida que é. A escrita se escreve lendo, na leitura do leitor que lê. E, se lendo a escrita que se lê, a leitura se confunde com a vida, seja na escrita seja na leitura. A escrita se escreve desenhando (ou pintando), seja no papel, no tecido ou na madeira. E, se desenhando a escrita pictórica, o desenho (ou a pintura) se confunde com a vida, com a vida de quem escreve, de quem lê e de quem desenha (ou pinta). A escrita se escreve filmando, na filmagem do objeto que se filma. E, se filmando a escrita que é da câmera, o filme se confunde com a vida, no filme que a nossa vida é. A escrita se escreve atuando, no palco do teatro que é a nossa vida (como no caso do filme). E, na vida do ator que atua, a peça se confunde com a vida, nos personagens que nós interpretamos. E assim, seja na escrita, na leitura, no desenho (o...

Prosa x poesia

Estou preso na prosa. Nomeio as coisas de acordo com o que elas são. Até minha poesia não passa de prosa rimada. Não é poesia criativa, é poesia sistemática. A poesia com o sistema da ciência, da matemática. Isso devido à leitura de prosa. Eu lia os prosadores. No começo havia a poesia da ficção, mas depois entrou a régua da ciência. O delírio me disse: Toda ficção é mentira! Busca a verdade! Mas a verdade verdadeira é só a Palavra de Deus. Ciências humanas também são ficção. Cada filósofo, cada sociólogo apregoa aquilo que não é. Tudo tem seu valor, claro, mas a eternidade só está nas Escrituras Sagradas. E eu fiquei preso a esse sistema prosaico de se referir a este mundo. Este mundo é passageiro, e passageira também é a definição que damos a ele. Talvez a poesia seja mais assertiva que a prosa, pois assim como no mundo espiritual, os fatos na poesia são narrados com símbolos, tipologias e metáforas. A metáfora é mais exata que a algebra, que a aritmética. E vejo que, se eu quiser de...

Augusto Boal

Augusto Boal foi um importante dramaturgo e diretor teatral brasileiro. Ele nasceu em 1931, no Rio de Janeiro, e em 1950 ingressou na Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos, onde se formou em Dramaturgia e Engenharia Química. Retornou ao Brasil em 1956, e se fixou em São Paulo. Iniciou a carreira de diretor no Teatro de Arena com as peças Ratos e homens (1956) Eles não usam black-tie (1958), Arena conta Zumbi (1965) e Arena conta Tiradentes (1967). Também atuou na produção do musical Opinião (1964), no Rio de Janeiro. Sua teoria do Teatro do Oprimido, que ganha muitos adeptos, propõe permitir que o povo use o teatro em proveito próprio e resgate a arte que existe em cada cidadão. Durante o regime militar Boal morou na Argentina e em Portugal. Sua técnica teatral é estudada e utilizada em mais de cinquenta países. Voltou ao Brasil em 1986 e produziu os espetáculos O corsário do rei (1985) e Fedra (1986), entre outros. Foi eleito vereador no Rio de Janeiro em 1993 e ficou no cargo ...

Os homens elétricos

Perambulam em cidades como Fortaleza uns indivíduos diferentes dos demais. São os homens elétricos. Eles circulam entre as pessoas normais com cargas positivas e negativas. Em dias de chuva vão aos campos captar eletricidade dos relâmpagos. São pessoas que levam uma vida quase normal: têm família, estudam, trabalham, mas a energia em suas vidas é algo que foge ao normal. Eles caminham o caminho dos fios elétricos e dentro de suas bolsas há pilhas carregadas e não carregadas. Eles são propagadores de energia limpa, motivo pelo qual são perseguidos pelos barões do petróleo. O que eles mais gostam de fazer é descarregar sua energia em ondas sonoras ou impulsos luminosos. Quando aborrecidos podem dar choques, e há relatos de carinhos em baixa tensão. Os homens elétricos só se casam com mulheres elétricas, e os íons dessa união são positivos e negativos. Nos países desenvolvidos, onde a fiação elétrica fica no subsolo, comunidades de homens elétricos fazem morada em cavernas e catacumbas. O...

Antunes Filho

Antunes Filho foi um importante dramaturgo, diretor de teatro e cineasta paulista. Ele nasceu em 1929, e iniciou a carreira no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). A partir de 1950 realizou os primeiros teleteatros da América do Sul para as TVs Tupi e Cultura, atividade que manteve até 1960. Em 1954 dirigiu a peça Week-end no TBC, e, no ano seguinte realizou O diário de Anne Frank em seu Pequeno Teatro de Comédia. Fundou em 1965 o Teatro de Esquina, no qual dirigiu A megera domada. Em 1970 Antunes Filho produziu o filme Compasso de espera, que recebeu os prêmios da Associação Paulista dos Críticos de Arte e Governador do estado de São Paulo na categoria melhor argumento, e o Air France de Cinema na categoria melhor direção. Em 1978 montou a peça Macunaíma e criou o Centro de Pesquisa Teatral, responsável pelos grupos Pau-Brasil e Macunaíma, no qual deu aula de formação de atores. Em 1998 encenou Prêt-a-Porter, peça escrita, dirigida e interpretada pelos próprios atores que a conceberam....

Narração de cenas de quem escreve

A escrita gráfica da tinta no papel. A tinta oleosa no papiro do velho escriba. O pergaminho da antiguidade na mente do jovem poeta. O artista que desenha o desenho mas não tem paciência para colorir. O lápis, que na mão trêmula do estudante traça a escrita na folha de dupla face. O desenho das letras dando sentido ao alfabeto fonético. Os ideogramas dos orientais que são um mistério pra nós aqui do Ocidente. As regras da gramática que são argila nos dedos do Dr. Rosa. Neologismos na construção de uma obra de epopéia. Os versos de Dante e de Homero no iberismo de um Suassuna. O artesão da linguagem que escreve livros, revistas e jornais. Os ilustradores que trabalham em conjunto com os designers. O poliglota que mistura línguas e dialetos na construção de um monumento fraseológico. O estilista do alfabeto que do nada (do próprio passado) inventa um conto ou um romance. As obras-primas regionais que narram o universal de Tolstoi. Os cantadores do sertão, herdeiros dos menestréis da idad...

Oduvaldo Vianna Filho

Oduvaldo Vianna Filho foi um importante dramaturgo brasileiro. Ele nasceu em 1936, no Rio de Janeiro, filho do também dramaturgo e cineasta Oduvaldo Vianna. Oduvaldo Vianna Filho mudou-se para São Paulo, a fim de estudar arquitetura, na década de 1950, mas abandonou a faculdade para se dedicar ao teatro. Em 1956 organizou um curso de teatro em parceria com Gianfrancesco Guarniere. No ano seguinte realizou um Seminário de Dramaturgia junto com Augusto Boal, e escreveu sua primeira peça, Chapetuba F. C. Participou da criação do Teatro de Arena, em São Paulo, e do Teatro do Grupo Opinião, no Rio de Janeiro. Vianinha, como era chamado, voltou em 1960 para o Rio de Janeiro, e escreveu Quatro quadras de terra (1963) e Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come (1966), esta última em parceria com Ferreira Gullar, considerada a melhor peça do ano e ganhadora do prêmio Molière. Outras peças de Vianinha são Longa noite de cristal (1969) e Corpo a corpo (1971). São peças de conteúdo político, ...

Meu texto industrial

E continuo publicando minhas ciber-crônicas neste blog digital. São ideias mecânicas, em um mundo pós-industrial. O suporte da escrita é eletrônico, e a escrita é feita em série. Meus pensamentos metálicos explodem no smartphone linguístico. E eu sigo escrevendo, em um design construído pela tecnologia. Não aposento, contudo, o velho papel e caneta. Pra publicar na editora preciso pagar, e aqui basta deixar a internet em dia. E o Blog do Dário segue expondo esse manifesto esquizoafetivo, na escrita que a leitura produz. E o cruzamento de décadas de leitura exprime o texto que é construído. E depois segue a relação de homens notáveis, com os anos referentes e naturalidade, além das pinturas (agora exploramos o século XX). E eu persevero na escrita que é a base para minha vida, secularmente falando. A escrita que é produto das leituras, dentre outros, de Fernando Morais e Ruy Castro. Livros- reportagem. Os referenciais Barão de Mauá, Vinicius de Moraes, Nelson Rodrigues e outros professo...